CADEIRA 20: Delmont Bittencourt
Cadeira 20 - DR. DELMONT BITTENCOURT
(1921-1991)
Delmont Bittencourt nasceu em Curitiba, em 25 de agosto de 1921 Em 1939, prestou exame de habilitação à Faculdade de Medicina da Universidade do Paraná. Foi aprovado em primeiro lugar. Em 1942, transferiu-se para a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, onde se formou em 1945.
Por seu persistente interesse pela área cirúrgica, integrou-se no serviço do Professor Alípio Corrêa Netto, na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, e jamais deixou essa renomada e produtiva equipe durante sua evolução até a ocorrência de seu falecimento em 1991.
Após sua formatura em 1945, aprimorou os conhecimentos adquiridos durante o curso médico em cirurgia geral com residência médica de três anos no Hospital das Clínicas de São Paulo.
Desempenhou, a seguir, uma brilhante carreira como cirurgião, investigador, professor, orientador de estudantes e médicos, conselheiro, político, tradutor e encarregado da versão de trabalhos científicos para várias línguas;
Não houve nenhum cargo ou nenhuma atividade no Serviço do Professor Alípio e do Prof. Euryclides Zerbini, que o substituiu na chefia do serviço, nos quais Dr. Bittencourt não tenha participado e exercido relevante influência, sobretudo em importantes decisões.
Seu proficiente trabalho enriqueceu-o em prestígio, títulos universitários e produção científica.
Em 1958, como bolsista da Fundação Rockfeller, trabalhou com C. Walton Lillehei, em Minneapolis, na University of Minnesota Medical School.
Ao retornar dos Estados Unidos, contribuiu, para o desenvolvimento da circulação extracorpórea no grupo do Prof. Zerbini. Foi pioneiro na realização de vários e inéditos procedimentos cirúrgicos no Brasil, hoje propostos por cirurgiões que fizeram a história da cirurgia cardíaca. Participou dos primeiros transplantes cardíacos realizados na América Latina, em 1968.
Dedicou-se com extraordinária energia à realização do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas. Visitou todas as instituições congêneres em vários países, exerceu eficaz colaboração no planejamento de cada detalhe da construção, da organização médica e administrativa, da aquisição de equipamentos que o InCor necessitou para existir e funcionar.
Era um homem culto, perfeccionista, falava várias línguas, conhecia bem a literatura de vários países e interessava-se por pormenores da cultura geral, sobretudo pelo conhecimento das realidades da vida.
A cirurgia cardíaca brasileira perdera um de seus pioneiros em 27 de janeiro de 1991. Em homenagem póstuma, o primeiro ato oficial do 18.o Congresso Nacional de Cirurgia Cardíaca, realizado no Rio de Janeiro, foi dedicado a Delmont Bittencourt.
Conforme consignou o Prof. E. Zerbini, “sua personalidade era especial, caracterizada por extrema bondade, perfeita educação social, respeito ao próximo e profunda valorização da amizade, qualidades que conquistaram várias gerações de jovens cirurgiões cardiovasculares, muitos aqui presentes, que a ele devem a orientação, os ensinamentos e parte do treino técnico que permitiram sua projeção no cenário da cirurgia cardíaca brasileira. Enquanto tivermos memória, lembrar-nos-emos de Delmont Bittencourt com muita saudade”.
(Fonte: E. J. Zerbini, editorial, Rev. Bras. Cir. Cardiovasc., v. 6, n. 1, pp 1-2, 1991)